A série Ironheart, da Marvel, pode ter passado um pouco despercebida em comparação com outras produções maiores do MCU, mas sua segunda metade trouxe revelações de personagens impactantes e uma reviravolta que muda o jogo. Três anos após suas gravações, a série de seis episódios foi lançada em duas partes, com a primeira focada no desenvolvimento da personagem de Riri Williams, interpretada por Dominique Thorne, enquanto ela se envolve com o crime. A segunda parte, porém, elevou as apostas, conectando a trama com o legado do Homem de Ferro, o lado sobrenatural da Marvel e, claro, o Doutor Estranho. E foi no quarto episódio que dois personagens foram apresentados, com o potencial de remodelar nossa compreensão da magia no MCU. Atenção: spoilers de Ironheart a seguir!
Madalena e Zelma Stanton: A nova força mágica do MCU
A amiga da mãe de Riri, Madalena, e sua filha, Zelma Stanton, surgem não apenas como novos rostos, mas como feiticeiras surpreendentemente poderosas. E uma de suas habilidades mágicas, sutilmente, coloca em cheque até mesmo o poder do, algumas vezes, Supremo Mago, o Doutor Estranho. Quando Riri busca ajuda para derrotar o Capuz (interpretado por Anthony Ramos), sua mãe a leva para conhecer Madalena, que, como se descobre, já treinou em Kamar-Taj. Embora tenha deixado a escola antes de completar seus estudos – optando por criar sua filha, pois “Kamar-Taj não é lugar para uma criança” –, ela reteve parte de seu talento mágico. Mais importante, ela transmitiu muito desse conhecimento para Zelma, que agora é uma espécie de autodidata mágica, combinando os ensinamentos de sua mãe, leituras aprofundadas e até mesmo tutoriais de bruxaria no TikTok.
A forma como a série estabelece o poder bruto de Zelma, sem focar excessivamente nele, é impressionante. Ao optar por ajudar Riri, Zelma transporta os quatro personagens para um reino paralelo conhecido como “Córtex Ocidental de Neverish” – uma referência direta aos quadrinhos da Marvel. E ela faz tudo isso sem um anel de arremesso, explicando como um “feitiço de transporte”. Com alguns gestos de mão, Zelma sutilmente altera a hierarquia mágica do MCU.
O poder do Doutor Estranho questionado
Nos primórdios do MCU, a escalada lenta e árdua de Doutor Estranho para a competência mágica foi um ponto crucial da trama. Seu treinamento em Kamar-Taj, sua luta para dominar os feitiços e sua ascensão ao topo da hierarquia mágica pareciam conquistados: ele pagou o preço em sangue, sacrifício e crescimento pessoal. Mas agora, é difícil não sentir que toda essa trajetória foi ligeiramente prejudicada pela facilidade com que Zelma Stanton executa magia de alto nível sem treinamento formal ou os equipamentos tipicamente necessários.
Zelma não apenas acessa uma dimensão paralela com facilidade (semelhante ao acesso de Estranho e da Anciã à Dimensão Espelho), mas o faz sem um anel de arremesso – algo que Estranho e todos os outros aprendizes de feiticeiro precisaram aprender no início. Este detalhe não é meramente cosmético: os anéis de arremesso são tratados como ferramentas mágicas essenciais em Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, e Mordo explica no primeiro filme que eles são projetados para suportar a tensão que os feiticeiros não conseguem. De fato, sua ausência cria uma barreira para o movimento ou a sobrevivência, e é uma regra estabelecida que a Dimensão Espelho normalmente não pode ser escapada sem um.
Há inconsistências na forma como os poderes de Estranho são apresentados, é verdade, mas toda a trama de Multiverso da Loucura gira em torno de como América Chávez é atípica graças à sua capacidade de viajar pelo multiverso. O fato de Zelma dispensar a necessidade de um anel de arremesso, tendo aprendido pelo menos parte de sua magia através do TikTok, sugere ou uma nova compreensão radical de como a magia funciona – ou uma inconsistência narrativa que faz a origem trabalhosa de Estranho parecer embaraçosamente complicada.
Zelma Stanton: A chave para a Academia Estranha?
Os fãs dos quadrinhos da Marvel reconhecerão Zelma Stanton como algo mais do que uma mera prodígio mágica. Nas páginas, ela começa como uma bibliotecária cética que gradualmente se torna assistente e confidente do Doutor Estranho. Sua ligação cada vez maior com o mundo mágico a leva a um papel fundamental na Academia Estranha, a resposta da Marvel a Hogwarts, onde jovens feiticeiros são treinados sob a orientação de alguns dos místicos mais poderosos do universo. Essa propriedade tem sido cogitada para uma adaptação para o MCU e ficou em segundo plano por algum tempo.
Com sua estreia em Ironheart e sua importância na cena pós-créditos, Zelma agora poderia estar envolvida em um derivado da Academia Estranha. E ela seria uma boa opção para um papel expandido: ela não é apenas poderosa, mas também relacionável, encantadora e engraçada. Ainda é cedo, mas as sementes foram plantadas. E mesmo que não haja Academia Estranha, o reaparecimento de Parker Robbins nos momentos finais de Ironheart na loja dos Stantons sugere que veremos mais dela. Desde que a Marvel cumpra a promessa, é claro.
Todos os seis episódios de Ironheart estão disponíveis para streaming no Disney+.
