James Gunn e o novo Universo DC (DCU) decolaram oficialmente com o lançamento de Superman, um filme que carrega o peso imenso de iniciar uma nova era para alguns dos heróis mais icônicos do mundo. Como em qualquer superprodução moderna de super-heróis, o público que permanece em suas cadeiras enquanto os créditos rolam é recompensado com algo extra por sua paciência. Neste caso, Superman entregou não uma, mas duas cenas pós-créditos.
No entanto, quem esperava um teaser direto para Supergirl: Woman of Tomorrow ou um primeiro vislumbre de Lanterns ficará desapontado. Em vez de servirem como comerciais para futuras instalações do DCU, os “stingers” de Superman são refrescantemente auto-contidos, oferecendo momentos de personagem silenciosos e interações leves que enriquecem a história e os personagens. Por bem mais de uma década, os fãs foram condicionados a ver as cenas pós-créditos como blocos essenciais de construção de um universo compartilhado, peças de um quebra-cabeça que oferecem vislumbres do que vem a seguir.
O Universo Cinematográfico Marvel (MCU) aperfeiçoou esse modelo, transformando seus “stingers” em eventos imperdíveis que prometiam crossovers maiores, novos vilões e conexões imprevistas. Essa abordagem, embora extremamente bem-sucedida por um tempo, também se tornou uma espécie de fardo criativo, priorizando muitas vezes o hype futuro em detrimento da satisfação presente. As cenas pós-créditos de Superman, ao contrário, sinalizam uma mudança fundamental na forma como o DCU abordará sua construção de mundo.
A primeira das duas cenas pós-créditos de Superman ocorre após a conclusão da montagem principal de créditos. A cena mostra Superman (David Corenswet) sentado na Lua, olhando para a Terra que ele jurou proteger. Aninhado em seu colo está seu fiel companheiro canino, Krypto.
Em uma troca sem diálogo, Krypto se aninha mais perto de seu dono, encostando a cabeça no ombro de Superman. É um quadro contemplativo, reafirmando o vínculo entre o homem e o cão, enquanto serve como uma representação visual pungente do papel solitário de Superman como guardião. A segunda cena, que aparece após a rolagem completa dos créditos, é uma divertida referência cômica ao clímax dramático do filme.
No ato final do longa, a ativação de um portal dimensional defeituoso por Lex Luthor (Nicholas Hoult) causa uma fenda em Metrópolis. Após derrotar as forças de Luthor, Superman se une a Senhor Incrível (Edi Gathegi) para fechá-la. Usando sua mente genial, Senhor Incrível consegue desligar o portal e juntar as duas metades da cidade novamente, com apenas uma leve imperfeição no alinhamento das duas partes.
A cena pós-créditos mostra os dois heróis do lado de fora de um prédio de Metrópolis que agora está visivelmente torto. Superman aponta o defeito, irritando as tendências perfeccionistas do Senhor Incrível e o fato de que, apesar de sua inteligência incrível, ele não conseguiu um resultado impecável. Senhor Incrível se afasta, chutando uma pedra com raiva em frustração; um Superman ligeiramente envergonhado comenta para si mesmo que provavelmente não deveria ter mencionado isso, e que ele pode ser um “idiota” de verdade.
É um momento hilário, impulsionado pelos personagens, que entrega uma última piada sobre a boa índole do Homem de Aço. As cenas pós-créditos de Superman ecoam a nova filosofia de James Gunn. Durante a campanha de marketing para Superman, Gunn afirmou explicitamente que queria evitar os erros que cometeu durante seu tempo na Marvel, citando especificamente a cena pós-créditos em Guardiões da Galáxia Vol.
2 que introduziu Adam Warlock. O cineasta admitiu que a decisão o encurralou e dificultou a integração do personagem de Will Poulter no terceiro filme. Conforme Gunn explicou: “A maneira como uma cena pós-créditos funciona é um soco na cara, tipo, ‘Oh meu Deus.
Olhe isso. ‘ Às vezes, quando você a usa apenas para preparar algo, às vezes está se ferrando. ”
Ao fazer com que os “stingers” de Superman se concentrem inteiramente nos personagens e eventos do próprio filme, Gunn e a DC Studios estão construindo confiança e dizendo aos fãs que seu objetivo principal é entregar um filme satisfatório, antes de mais nada, em vez de focar demais na próxima novidade brilhante.
Isso permite que a programação do DCU permaneça fluida sem trair as expectativas do público, garantindo que futuros projetos possam ser desenvolvidos organicamente, em vez de serem atrelados a um teaser produzido anos de antecedência.
